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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uma arte


Uma Arte

A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.
(Elizabeth Bishop; tradução de Paulo Henriques Brito)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Não como uma Dama de Ferro


Para que melhor entenda este post leia: este poema (clique aqui)

Você era minha segurança
minha proteção
minha esperança

era por você que eu acordava à cada manhã
e era com esperança de que visitasse meus sonhos que eu dormia

esperei por sua volta durante noites em claro
esperei que se arrependesse 
se retratasse
e esperei
que voltasse

mas você não veio
e não virá

não espero mais
não se arrependerá

quando se foi
fez com que eu enlouquecesse
chorasse
que eu até descobrisse que havia um mundo longe de você
que eu passasse a me guiar por mim mesma
e que o pior não era te perder

no entanto
você não partiu meu coração
ou muito menos o despedaçou
meu coração morreu
isto é
não restaram cicatrizes
nem marcas

eu não sabia que ele era capaz disso
mas como uma fénix ele renasceu
mais jovem
mais potente
cheio de vida
e ansiando o novo

não sou uma dama de ferro
estou longe disso
nunca fui de gelo
posso até ter fingido

e finalizo por dizer
o inesperado aconteceu e se firmou
você me fortaleceu
logo me conquistou