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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

BAR AO LADO




Examino a prisão vítrea que abafa o vinho,
                            [O rótulo nada diz das uvas:

"Tinto e seco"

Desenraízo a rolha.
                            O cheiro de vinho escapa.

Bebê-lo é raptá-lo do corpo de vidro,
                            [é mexer no molde das coisas.

(Os deuses olham de cima)

Penso em Marta tirando o vestido.
                            Alça e zíper.

O vestido se desmancha na cadeira, raptado do corpo.
                            O cheiro de Marta escapa.

(Os deuses olham de cima)

Despejo o vinho:
pouco me dizem os deuses e os rótulos
                            [se me precipito nos copos.



Fonte: Poema extraido do: "O Livro de Marta (bilhetes de amor quebrado)" de autoria  do professor Rodrigo Marques.

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